Por Carlos Santana | Gestor de Futebol pela CBF | Administrador do Portal da Base Brasil
Salve, salve!
Da última vez que falamos aqui na série PENSE FUTEBOL, trouxe uma indagação importante sobre a carreira do jogador de futebol e a pergunta era: ATLETA VOCÊ AMA O FUTEBOL DE VERDADE OU SOMENTE O QUE ELE PODE TE PROPORCIONAR?
Se tornar um atleta profissional de futebol é com certeza das tarefas mais complicadas e difíceis de se conseguir.
Pouquíssimos conseguem atingir este objetivo e menores ainda são os números de atletas que conseguem viver com qualidade da profissão.
Estima-se que apenas 3% dos atletas com contratos ativos na CBF ganham acima de R$100.000,00 (Cem mil reais), do outro lado da pirâmide, 55% dos atletas recebem menos de R$1.000,00 (Mil reais) mensais.
Difícil realidade concorda? Pois é, se tornar um atleta profissional já é por si só, tarefa das mais complicadas, ganhar o suficiente para ter qualidade de vida, mas difícil ainda, mas e se eu não conseguir me profissionalizar o que faço?
Alguns anos atrás, entre idas e vindas, palestrando em uma das comunidades em Belo Horizonte/MG, fiz alguns questionamentos para uma centena de jovens e acredito que esta seja também a realidade aí na sua comunidade.
Perguntei aos jovens quem gostaria de se tornar médico, não me lembro de uma pessoa sequer ter levantado as mãos, perguntei novamente, quem gostaria de se tornar advogado, dois ou três garotos levantaram, citei várias outras profissões e a que mais me chamou atenção foi quando perguntei, quem gostaria de se tornar jogador profissional do Flamengo, quase todos, inclusive os poucos que se manifestaram com desejo de seguirem outras profissões se manifestaram, dizendo que seria um sonho.
O que pouquíssimos sabem é que estatisticamente é muito mais fácil se tornar médico ou advogado do que se tornar uma atleta profissional do Flamengo ou de qualquer outro gigante do nosso futebol brasileiro.
Planejar uma vida independente do futebol é de suma importância, e não estou dizendo aqui para que abdique do seu sonho de se tornar atleta profissional, o que estou dizendo é que a vida segue mesmo que você não se torne um jogador profissional.
Ter em mente que existem inúmeras profissões, inclusive no futebol fora das quatro linhas, pode ser um grande incentivo para continuar sua vida dentro do esporte que você ama.
A desculpa de não ter tempo para estudar devido a rotina de treinos, jogos, cansaço pós viagens, não cola mais, quem quer faz quem não quer arruma uma desculpa.
Citarei aqui o caso de um amigo que se tornou profissional do esporte por amar o futebol, mesmo não tendo se tornado um atleta de elite.
CLAUBER ROCHA, atualmente supervisor de futebol profissional do VASCO DA GAMA, foi atleta de futebol do BOTAFOGO, Seleção Brasileira de base e mesmo jogando o fino da bola, é o que dizem, não conseguiu devido a sucessivas lesões, se tornar uma atleta de elite.
Apaixonado pelo futebol, interessando em evoluir, estudou, formou-se em Educação Física e Pós-graduado em Administração e Marketing Esportivo, se capacitou e atualmente vive do que ama.
“Este é um tema bastante debatido, quando eu vejo este tipo de pergunta, me reforça a estimular não só os atletas, mas principalmente as pessoas que estão no entorno do atleta, os pais, hoje a figura do agente que é muito mais presente que há tempos atrás e principalmente os clubes a incentivar os atletas a estudar.”
Nosso objetivo nunca será o de incentivar que os atletas desistam de seus sonhos, muito pelo contrário, se existe uma chance para que se torne um atleta de elite, continue se esforçando, seja comprometido, tenha foco, dedique-se 110% para realizar seu sonho, mas lembre-se se isso por ventura não acontecer, existem mais de 50 profissões fora das quatro linhas e diretamente ligadas ao futebol, esperando por pessoas capacitadas para prenchê-las.
Dizem que a vida de verdade começa aos 40 anos, e mesmo que você tenha se tornado um atleta profissional de sucesso, se preparar hoje para o pós carreira, lhe poupará tempo e esforço em um futuro que chegará mais rápido que você imagina.
DICAS
- Faça um segundo idioma;
- Leia livros do seu interesse;
- Converse sobre as tarefas de outros profissionais do seu clube.
- Converse com pessoas de outros ciclos;
- Participe de palestras, amplie seu network dentro e fora das quatro linhas;